quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Borderline? Será?

A postagem de hoje seria mais um desabafo mesmo.
Realmente essas alterações de humor, pensamentos invasivos e atitudes compulsivas estão ocupando um tempo significável na minha vida. Hoje, outra daquelas crises, desencadeadas pelo stress, originado de uma atitude compulsiva que tenho tido nos últimos dias. Exatamente nesse momento que começam os pensamentos e os sentimentos desproporcionais e injustificados. Agora que passou me sinto culpada por envolver pessoas que gostam e se importam comigo nisso, e consequentemente se preocupam com a situação. Sinto raiva por aqueles que não compreendem, que pensam ser "frescura" o opção minha sentir o que sinto e agir como tenho agido. 
Nenhum diagnóstico me foi dado (o que me fez decidir trocar de psiquiatra pois parece que ela não leva muito a sério). Mas retrocedendo em minha vida, ela me mostrou que os sintomas vinham desde cedo, sentimento de possessão pela minha mãe em relação ao meu irmão, o ódio que tinha dele por ciúmes, relacionamentos desastrosos por sentimentos intensos e descontrolados, e "as cicatrizes", por exemplo.  Porém tais sintomas só foram piorando com o passar do tempo. Ela me explicou a suspeita de uma forma para não me deixar assustada (embora eu ache errado ela dizer a suspeita e me preocupar, mais um motivo para desaparecer daquela sala pra sempre!), mas pesquisei a respeito depois. (Pausa Explicativa)
"O transtorno de personalidade Limítrofe (ou Borderline) é caracterizado por apresentar uma alteração de fronteira (ou de borda) entre a neurose* e a psicose**.   
*  Neurose: Patologia psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação. Na neurose, o indivíduo além de saber que é um neurótico, ele tem plena consciência dos seus atos, mas não consegue controlá-los.
   ** Psicose: grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença, isto é, os psicóticos não têm essa consciência, eles perdem a noção da realidade. O Borderline geralmente se equivoca diante de um estimulo estressor cotidiano.
O limiar de tolerância às frustrações é extremamente susceptível nessas pessoas. São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio, em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente. 
Esta instabilidade das emoções é reconhecida pelo portador, contudo, eles justificam-nas geralmente com argumentos implausíveis. As flutuações de humor são rápidas, e variações no estado de humor de um momento para outro geralmente não tem justificativa real.
Diferente das mudanças de humor dos bipolares, que podem durar semanas ou meses, as osculações de humor do Borderline podem durar minutos, horas ou dias.
Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, agressividade (que pode ser voltada a ele mesmo ou à outras pessoas), ciúme patológico, etc.
No Transtorno de Borderline há uma percepção equivocada de que o vazio só será preenchido pelo outro. Essas pessoas são levadas a extremos, e idealizam relacionamentos que não existem na prática. As pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade costumam ir ao próprio limite e do outro, principalmente. A frustração acaba se configurando através da depressão, da automutilação e, até mesmo, do suicídio. Ao se estabelecer novos relacionamentos, além dos familiares, fica mais evidente a transferência de responsabilidade no preenchimento da felicidade. Na agressividade auto-inflingida, pode ocorrer a pratica de auto-mutilação (se machucar, se cortar, se queimar) ou tentativa de suicídio.
Portadores de TPB dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor, ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".

 1) Angustia:
É crônica e difusa. Trata-se de um afeto contínuo e surdo mas que, no obstante, pode se manifestar como uma crise de angústia aguda e com sintomas somáticos correspondentes. Pode sobrevir uma crise histérica com comprometimento de todas as funções psíquicas, juntamente com manifestações somáticas variadas, tais como vertigem, taquicardia e outros característicos do Transtorno de Ansiedade Aguda. A desrealização e a despersonalização aparecem como extremos dessas crises, também acompanhadas de sintomas somáticos. É uma angústia ligada à perda de sentido, tal como foi observada por Freud quando diante de perspectivas ou ameaças de separação.

2) Incapacidade para sentir:
Às vezes o paciente experimenta a consciência de um vazio afetivo, despersonalização e incapacidade para sentir emoções. Outras vezes encenam episódios do tipo histérico, com reações emocionais exageradas, ingerem álcool ou drogas, cometem delitos ou têm relações sexuais patológicas para libertar-se da sensação de vazio existencial. No plano ocupacional também se mostram instáveis. Mesmo que esses pacientes tenham condições intelectuais normais, falta-lhes capacidade para a concentração, para a perseverança e para o desejo para um esforço mais firme. Outros fatores que contribuem para a instabilidade ocupacional são sua baixa tolerância à frustração, hipersensibilidade às críticas e a expectativa de conseguir recompensas totalmente desproporcionais. Também deve ser destacada a incapacidade para os Borderlines aceitar as regras e a rotina. Por tudo isso eles acabam sendo despedidos de seus empregos ou que eles mesmos pedem demissão.  

3) Depressão:
A depressão do Borderline se caracteriza, basicamente, por sentimentos de vazio e solidão. A diferença do que ocorre no verdadeiro depressivo, no qual existe medo da destruição do objeto amado, no caso do Borderline ha explosões de ira ou raiva contra o objeto considerado frustrante. 

4) Episódios Psicóticos Breves:
Aqui se incluem a desrealização e despersonalização. As idéias de auto-referência e os quadros paranóides predominam nesses Episódios Psicóticos Breves. As manifestações clínicas seriam: transtornos paranóides, depressões com idéias de suicídio, Episódios Maníacos, quadros de automutilação. Esses episódios agudos costumam ser reativos, normalmente à ruptura de algum vínculo. 

 5) Intolerância à solidão:
A modalidade de relação com o objeto é do tipo anaclítica (um quadro de perda gradual de interesse pelo meio, perda ponderal, comportamentos estereotipados eventualmente, até a morte). A intolerância a estar só se manifesta como um afã de prender-se vorazmente, através da voz ou da presença física do outro, ou em determinados casos por intermédio do objeto droga, álcool ou alimento, segundo seja a adicção, como tentativa frustrada de supressão da falta. Na realidade, toda tensão de separação é intolerável ao Borderline,  produzindo as condutas de aderência exagerada ao objeto.

Mais sintomas: obsessivos-compulsivos, reações histéricas, tendências paranóides, descontrole dos impulsos." (Fonte: mentalhelp.com)

Apesar de ser um inferno todo dia, lendo isso realmente é de assustar. Não é tão dramático como parece porém é muito desagradável a partir do momento que influi negativamente nas suas atividades.
Um exemplo dessas bruscas alterações de humor. Após a crise, além do sentimento de ódio, vingança, preocupação, eu tinha medo de até onde eu seria levada pelos pensamentos e emoções. Cheguei a pensar em internação (apesar que ainda penso nisso). 
Porém chegando ao trabalho, conversando com os amigos e escrevendo aqui, pude transferir o foco do que está aqui dentro para algo fora, foi um dos motivos que criei esse blog, mudar o foco.
Tenho uma conta no Yahoo Respostas que também foi criada com esse intuito, e a resposta para perguntas como depressão, melancolia e tristeza são sempre as mesma que ouço e hoje vejo que é verdade.
Se vc não está se sentindo bem, faça coisas que gosta, saia, desenhe, cante, se matricule em um curso ou ajude pessoas, ocupe sua mente e tire o foco do que está te machucando. Mesmo durante a depressão, onde se é difícil querer fazer qualquer coisa, com ajuda e esforço dá certo tentar.
Cada crise é muito cansativa, porém ao trabalhar nisso, mesmo com esforço eu consigo  e vejo que o resultado é melhor que se eu não tivesse tentado.
No grupo de ajuda no Facebook, me indicaram um lugar chamado IPUB, que fornece atendimento psiquiátrico gratuito, talvez divulgando aqui possa ajudar outras pessoas.

 
"O Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um órgão suplementar do Centro de Ciências da Saúde (CCS), de acordo com o Estatuto da Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem por finalidade desenvolver em nível de excelência, atividades de ensino, pesquisa, extensão e assistência no campo da Psiquiatria e Saúde Mental."

Seguindo a tradição de buscar a excelência em seus serviços assistenciais e acadêmicos o Instituto de Psiquiatria da UFRJ tem como objetivos:

 *   Promover o ensino de pós-graduação - Mestrado e Doutorado, de Especialização, Aperfeiçoamento e Residência Médica.
 *   Promover e exercer pesquisa científica e atividades de extensão nos campos da Psiquiatria e Saúde Mental, bem como em áreas correlatas do saber;
 *   Prestar assistência clínica de natureza curativa ou preventiva e promover a reabilitação dos pacientes sob sua responsabilidade;
 *  Desenvolver novas tecnologias e as utilizar no cuidado aos pacientes, exercendo sobre elas avaliação crítica, definindo seu papel na assistência e no ensino médico;
 *  Promover o ensino de Graduação, através do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina do Centro de Ciências da Saúde, que também é sediado no Instituto de Psiquiatria da UFRJ, em consonância com outras unidades acadêmicas no ensino de áreas afins ao seu campo de conhecimento;
 *  Realizar o treinamento e estimular o aperfeiçoamento do pessoal técnico-administrativo e auxiliar em atividades no IPUB;
 *  Promover o intercâmbio com instituições nacionais e estrangeiras vinculadas aos campos da prevenção, recuperação e reabilitação em Saúde Mental." 

(Fonte: ipub.ufrj.br)

Bom, independente do meu estado de espírito atual (passou de vermelho sanguinário para amarelo girassol), somente fica o meu desejo de melhorar a longo prazo e conseguir um profissional mais confiável, além de manter o tratamento a risca também. 
Espero também me libertar da culpa que me atormenta, mesmo que não seja algo que eu tenha controle total, acabo envolvendo quem está ao meu redor nesse turbilhão que tudo se tornou. Desejo também a compreensão de todos que magoei (compreensão e não PENA!), e apoio dos meus amigos que têm se mostrado verdadeiros em todos os momentos. Obrigada por tudo!

Um comentário:

  1. é exatamente isso que eu sinto...estou quase convencido que tenho borderline. obrigado pelos esclarecimentos...e melhoras

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