terça-feira, 9 de outubro de 2012

Síndrome de Gilles Tourette - Por trás das risadas


AVISO: Esse post foi escrito por alguém sem conhecimento técnico (Eu) e com base em depoimentos de terceiros e informações de sites de base científica, mas como tudo que anda pela internet, sua veracidade é questionável. 
O autodiagnóstico e a automedicação traz riscos à sua saúde (mental e física). Procure um profissional de sua confiança.
 
Boa tarde queridos. Ontem foi minha primeira ida ao IPUB (Saiba mais em: http://www.ipub.ufrj.br/portal/) com a galerinha do grupo de apoio no facebook (beijo pessoal! o/), que na verdade é um grupo para TOC mas me aceitaram muito bem apesar do meu diagnóstico ser diferente.
Albert Édouard Brutus Gilles de la Tourette
Não sei se vcs lembram do filme “Um gigolô por acidente”, mas além de retratar as desventuras de um tratador de peixes que se torna garoto de programa para sanar os estragos que ele causou na mansão de um de seus clientes, existe uma mensagem que vai muito alem do excelente trabalho de Rod Schneider e todas a gargalhadas envolvidas.
No decorrer do filme, ele é contratado por mulheres que por algum motivo em particular, têm problemas de relacionar-se social e amorosamente, e é quando, em seus serviços, ele faz atividades que mudam a vida dessas moças aumentando sua auto confiança e dando a elas momentos inesquecíveis.
Cliente com obesidade mórbida, gigantismo, narcolepsia, malformações congênitas, uma que sofreu a retirada da traquéia, e uma com síndrome de Gilles Tourette, que são características e distúrbios que fazem com que essas pessoas sofram com a discriminação dos demais que se autodenominam “normais”.
 Vamos direto ao ponto (prometo que numa próxima oportunidade falo sobre o filme, pois realmente é fantástico! rsrs): Ontem nessa minha primeira visita ao IPUB, durante o preenchimento de alguns formulários de cadastros, me sentei ao lado de uma senhora. Era um salão oval, mas eu evitava contato visual com as pessoas, inclusive com a galerinha do grupo que estava comigo.
Com minha visão periférica, percebi que uma senhora ao meu lado fazia gestos e se movia de forma compulsiva sem atender a um padrão como se fosse um “tique grave”, porém o que ela conversava com a pessoa ao lado seguia uma coerência e mostrava uma instrução lingüística absurda. Ao vagar um assento próximo ao pessoal do grupo mudei de lugar, até para conversar melhor com eles, foi quando percebi o que ocorria com aquela senhora. Ela uma vez ou outra jogava a cabeça para traz e os olhos para cima, as vezes emitia uns sons com a garganta e movia as mãos. Os movimentos não seguiam uma sequência, confesso que fiquei impressionada com a cena, muito mais que com os internos (IPUB fica dentro do instituto Pinel), mantive a serenidade até para não causar nenhum constrangimento, mas realmente por dentro eu estava perplexa.
Isso não é engraçado!
Logo depois o pessoal do grupo começou a comentar e dizer que ela estava na Riostoc (Saiba mais em: http://www.riostoc.org.br/) e que sofria de Tourette, foi quando uma das meninas começou a explicar por alto o que era, e li sobre no trabalho. Lembrei da tal garota do filme, que involuntariamente falava palavras não adequadas (isso se chama coprolalia) e percebi que quando o assistia achava mega engraçado e pensava que não existia, que era uma síndrome (ao contrário da garota com narcolepsia por já tinha visto matérias a respeito)  criada exclusivamente para o enredo do filme, foi um choque de realidade perceber que era real (inclusive a coprolalia!) e nem um pouco engraçado.
Segundo minha pesquisa, a síndrome se diferencia dos tiques e dos tiques graves por se tratar de um conjunto de acessos físicos e verbais.
Eis a diferenciação segundo a fonte neurociencias:


“Tiques: São movimentos involuntários, rápidos, repetitivos e estereotipados, que surgem de maneira súbita e não apresentam ritmo determinado. Alguns exemplos são piscadas de olhos e movimentos com os ombros, mas as manifestações também podem se dar na forma de sons emitidos pelo paciente (vocalizações). Podem ser contínuos ou surgir repentinamente, como acessos. A intensidade dos tiques é variável. Alguns são quase imperceptíveis, mas outros são bastante complexos, como saltos ou fortes latidos. Há também casos em que são camuflados em atitudes corriqueiras, como afastar o cabelo do rosto ou ajeitar a roupa. Neste caso, só são reconhecidos pelo seu caráter repetitivo. 
O paciente consegue evitar os tiques, porém com esforço e tensão emocional. Algumas vezes, as manifestações são precedidas por uma sensação desconfortável, chamada premonitória e, freqüentemente, seguidas por um sentimento de alívio. Costumam desaparecer durante o sono e diminuir com a ingestão de bebidas alcoólicas ou durante atividades que exijam concentração. Por outro lado, fatores como estresse, fadiga, ansiedade e excitação aumentam a intensidade dos movimentos característicos. Os tiques podem ser simples ou complexos. No primeiro caso, estão as manifestações mais diretas, como piscar os olhos, fazer caretas, torcer o nariz ou a boca, trincar os dentes, levantar os ombros, mover os dedos das mãos e sacudir a cabeça ou o pescoço. Entre as vocalizações dessa categoria estão “coçar” a garganta, estalar a língua, gritar, assobiar, roncar e imitar sons de animais, como grunhidos, uivos, zumbidos e latidos. Já os tiques complexos podem organizar-se e serem ritualizados. Assemelham-se às compulsões, manifestações precedidas de fenômenos cognitivos ou obsessões (idéias, pensamentos e imagens), normalmente acompanhadas de intensa ansiedade, palpitações, tremores e sudorese. A diferença é que os tiques são precedidos por uma sensação de obrigatoriedade, de ter que fazer algo, que age como uma pressão crescente que precisa ser descarregada. Além disso, portadores de tiques relatam sensações táteis ou musculares que antecipam os comportamentos repetitivos (sensações premonitórias), o que não ocorre com as compulsões.”


Síndrome de Tourette
“Portadores de tiques costumam apresentar mais de um tipo de manifestação. Quando elas são múltiplas e envolvem tanto tiques motores como vocais, não necessariamente ao mesmo tempo, caracterizam a síndrome de Tourette. O tique também pode se manifestar como uma emissão involuntária de palavras ou gestos obscenos (coprolalia e copropraxia, respectivamente). A coprolalia ocorre em menos de um terço dos casos e talvez sofra alguma influência cultural, já que é mais freqüente em determinados países. Na Dinamarca, por exemplo, é seis vezes mais comum que no Japão. A copropraxia, por sua vez, afeta de 1% a 21% dos pacientes. Em menos da metade dos casos, também pode ocorrer repetição de palavras ouvidas (ecolalia), de gestos observados (ecopraxia) ou da própria fala (palilalia). O distúrbio surge por volta dos 7 anos, mas esse evento pode variar dos 2 aos 15 anos. 
No início, ocorrem tiques motores simples, como piscadelas dos olhos. Aos 11 anos, em média, a criança apresenta vocalizações, como pigarro, fungadelas, tosse e exclamações coloquiais, entre outras. Essa ordem, entretanto, pode ser invertida. Calcula-se que um terço dos pacientes apresente remissão completa no fim da adolescência; outro terço, melhora dos tiques. O restante provavelmente continuará com o problema inalterado durante a vida adulta. Ainda assim, há relatos de desaparecimento dos tiques de forma espontânea em 3% a 5% dos casos. Depois que a síndrome de Tourette se instala, os sintomas variam de intensidade, principalmente na adolescência. Alguns distúrbios de comportamento costumam aparecer junto com a doença, como hiperatividade, automutilação, problemas de conduta e de aprendizado, além do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). 
Estudos sugerem que mais de 40% dos portadores da síndrome de Tourette também apresentam TOC e cerca de 90%, sintomas obsessivos. A causa da doença é desconhecida, mas sabe-se que há influência de fatores genéticos e neurobiológicos. Estudos com famílias de portadores indicam que há uma transmissão genética da predisposição à síndrome. Entre gêmeos idênticos (monozigóticos), quando um irmão é afetado, em mais de 50% dos casos o outro também possui a doença. Se não forem idênticos, esse percentual é de 10%. Quando todos os tipos de tique são incluídos, e não apenas a síndrome de Tourette, a taxa de concordância entre gêmeos monozigóticos aumenta para 77%. Investigações sugerem que também há uma relação entre problemas na gravidez e a ocorrência da doença no filho. 
Algumas mostram uma incidência 1,5 vez maior de complicações durante a gestação de portadores de tiques do que na de indivíduos saudáveis. Entretanto, nem todas as pesquisas conseguiram demonstrar essa correspondência. Os fatores psicológicos também podem ter grande influência no desenvolvimento do transtorno. Os tiques pioram, por exemplo, na presença de eventos estressantes, não necessariamente desagradáveis. Já se verificou que há uma associação entre o conteúdo dos tiques, seu início e os eventos marcantes na vida das crianças portadoras da doença.”

Realmente fiquei impressionada e logo comecei a imaginar o preconceito que os portadores sofrem, por isso hoje decidi escrever a respeito pois pode haver alguém precisando de informação e tratamento bem ao seu lado e vc não percebe. E muito mais importante que isso, APOIO E RESPEITO. Abaixo, alguns links que falam a respeito da síndrome:

ASTOC - Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo Compulsivo (Em: http://www.astoc.org.br/)
Blog: Nossas Vidas com Tourrete (Em: http://vidacomtourette.blogspot.com.br/)

Espero que o post de hoje seja de muita ajuda 
pois Tourette é uma síndrome 
e não tem a menor graça. 
Pense nisso!
Beijos! :****


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