segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Manual do Deprimido (Parte 3) - Quando o suicídio vira opção

Boa tarde queridos. Ninguém merece, acordar em plena madrugada de domingo para segunda sem qualquer razão especial. Foi durante esse momento insone, que li algumas coisas na internet, e veio a idéia de dar continuidade ao Manual do Deprimido. Primeiramente, quero deixar claro que não estou incentivando o suicídio. Esse post serve unicamente para ajudar aos amigos e familiares a identificar, tratar e conviver de forma adequada com um possível suicida, além de ajudar a entender como acontece isso. De acordo com minhas leituras, os pensamentos suicidas são mais freqüentes em pessoas com depressão, transtornos de personalidade, esquizofrenia ou duros golpes causados pela vida. Eu mesma já tive pensamentos e duas tentativas, e o que posso dizer é que no fundo o suicida não quer morrer, ele quer dar fim à dor de alguma forma, e tem na autodestruição a opção mais rápida eficiente. Aí vem alguém que acha que sabe tudo da vida, mas que na verdade não tem a mínima idéia do inferno que a pessoa está passando, e diz as lendárias frases prontas:
* Isso é falta do que fazer.
* Vc só quer chamar atenção.
* Vc tem que ocupar a sua mente.
* Se apegue mais a Deus!
* Blá blá blá de alguma frase pronta auto ajuda.

O que pra vc pode parecer uma coisa boba, é algo quase insuportável para alguém que está sofrendo, pois cada pessoa reage e sente os fatos de uma forma diferente. No grupo do facebook que eu faço parte (Beijo a todos do G.A.D.!) uma das normas é não falar de religião. Porque?
Porque muitas das pessoas deprimidas, ainda que tivessem sido religiosas, perderam a fé. Tudo bem que algumas pessoas acham conforto em Deus ou em outra coisa em que acreditar, porém não se aplica a todos e chega a ser uma falta de respeito vir com papo de religião com alguém que perdeu a fé até em si mesmo. Quanto aos outros argumentos, como foi falado no primeiro manual, é obvio que o suicida tem noção que esses pensamentos ajudam, mas ele não sabe como por em pratica, e a pressão só atrapalha. Com relação a “só quer chamar atenção” não preciso dizer nada né? Pois é muito legal estar deprimido, gritar por socorro, se sentir perdido e achar na morte o fim do seu sofrimento, é realmente um hobbie legal! ¬¬

Mitos sobre suicidio:
* Quem quer se matar não fala.
* Quem diz que vai se matar não o faz.
* Uma pessoa que vai se matar não dá sinais disso.
* Quem tenta o suicídio é um covarde.
* Quem tenta suicídio é corajoso.
* Perguntar a uma pessoa com risco de suicídio pode fazer com que o cometa.

Geralmente as pessoas que estão pensando em suicídio não sabem que estão deprimidas. Certos pensamentos, sentimentos e ações podem ser sinais que permitem que você conhece uma pessoa pode precisar de ajuda. Preste atenção para estes sinais de aviso de suicídio:

* Ameaças ou falar de suicídio.
* Comprar uma arma ou outra arma.
* Tais declarações como "eu não vou ser um problema muito mais tempo" ou "Nada importa".
* Desfazendo-se de objetos de estimação.
* Fazer um testamento, ou planejamento de seu funeral.
* Assumir riscos fora do comum.
* Fazer comentários indiretos sobre não existir no futuro ou sobre as pessoas. estarem mais felizes sem elas.
* Falar da morte o tempo todo.
* Referir-se a si mesmo como um peso ou estorvo.

Fatores de risco mais decorrentes:
* Pacientes com personalidade impulsiva.
* História de migração.
* Sentimento persistente de desesperança e pessimismo.
* Perda de status sócio-econômico: fracasso profissional ou falência financeira.
* Acidentes que causem incapacidade física (p.ex paraplégia) ou impotência sexual.
* Acidentes que causem desfigurações, principalmente em mulheres.
* Fator desencadeante/estressante persistente.
* Transtornos de personalidade (histriônico, borderline etc.).
* Transtorno bipolar: pode-se pensar no risco aumentado apenas na fase depressiva, mas o perfil impulsivo da fase maníaca traz cuidados particulares.
* Doenças do SNC como epilepsia, demência, AIDS etc.

Principais incidências:
* Infância: Acontecimentos dolorosos (violência e abuso familiar), ruptura familiar, humilhações.
* Adolescência: Perdas afetivas, mau relacionamento com figuras significativas (pais, mães ou padrastos); Períodos de provas; Amigos com comportamento suicida ou que aprovam a solução suicida; abuso sexual, perda de figuras significativas por separação, morte ou abandono.
* Idade adulta: Desemprego (no primeiro ano); escândalos sexuais em personalidades públicas (políticos, religiosos, etc), fracassos financeiros, egressos hospitalares por doença mental ou orgânica grave.
* Idosos: período inicial de institucionalização; viuvez durante o primeiro ano em homens e durante o segundo ano na mulher; estar submetido a mus-tratos físicos e psicológicos; doenças físicas que provocam insônia crônica.

Como ajudar?

Ajudar não é fácil e não nascemos sabendo, esta é a posição inicial para quem nunca teve um preparo especial para lidar com quem precisa de ajuda. Ajudar significa dar aquilo que a pessoa precisa e não aquilo que achamos que ela precisa. O que mais se encontra na prática e isso não se restringe às pessoas potencialmente suicidas, mas todos enfermos que precisam de ajuda.

* Não tente resolver a situação sozinho.
* Admitir que não saber o que falar é uma atitude positiva, se não souber o que dizer não tente inventar, afirme que não sabe o que dizer mas está disposto a ouvir de coração aberto o que a pessoa tem a dizer.
* Seja direto, fale abertamente sobre o suicídio; o que você tem observado e quais são as suas preocupações, pergunte o porque.
* Esteja disposto a ouvir – deixe-o desabafar, permita a expressão de sentimentos, os aceite e seja paciente. Observar o que não é dito, tolerar as incoerências e as contradições, não é hora de dar lições de moral nem mostrar os erros, é hora de estimular a dar a volta por cima e ser paciente na dor.
* Não julgue – não discuta se o suicídio é certo ou errado ou se os sentimentos da pessoa são bons ou ruins; não dê sermão sobre os valores da vida, a importância da família, religião, etc, até porque inconscientemente a pessoa tem ciência disso.
* Demonstrar impaciência é pior ainda, irritação significa para ele a rejeição pessoal, impossibilitando um relacionamento livre de impedimentos.
* Esteja disponível – demonstre interesse e compreensão. Dê apoio.
* Não duvide que ele/ela se suicide.
* Relacione-se com a pessoa não apenas com o problema, faça com que a pessoa se sinta acolhida por você.
* Não aja como se estivesse chocado.
* Não prometa que guardará segredo, aliás, não faça promessas que não possam ser cumpridas ou falsas esperanças como :"amanhã estará tudo melhor".
* Tome uma atitude – remova da casa remédios, álcool, drogas, cordas, fios, facas e armas.
* Busque ajuda: Ofereça a esperança de outras alternativas. Seja enfático ao encorajar a pessoa a buscar um profissional da área de saúde mental.

Eu gostaria de deixar um recado as pessoas que possam estar passando por esse momento tão difícil, realmente não sei a forma adequada de dizer, mas do posso pedir que somente deixe as pessoas lhe ajudar. Por tudo que eu também passei, entendo bem que é um momento confuso onde não conseguimos perceber as coisas de forma clara, é preciso alguém de fora para nos auxiliar e reencontrar o caminho, como um cego que necessita de uma mão para guiá-lo. No momento de depressão, qualquer decisão faz todo sentido, embora nem sempre sejam atitudes seguras ou saudáveis. Eu já passei por isso, eu entendo que no momento vc deseja se isolar e fazer qualquer coisa (qualquer coisa mesmo!) para dar fim a essa dor. Por isso digo, se vc quer mesmo dar fim ao seu sofrimento, deixe as pessoas que se aproximam de vc permaneçam ao seu lado, e a cima de tudo deixe que elas o ajudem a encontrar a paz que vc tanto procura. De coração, as singelas palavras de quem ainda luta contra isso.
Espero ter ajudado de alguma forma com o post de hoje.
E que a esperança nunca venha se esvair do nosso olhar!
Uma excelente semana a todos!
BEIJOS!!!









Um comentário:

  1. Maravilhosa e fundamental essa postagem!!! Parabéns!!!

    Ofélia

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